Afilhadas de Gaia



Risos e mais risos. Vestidas de flores e brisa. Correndo e dançando pelos campos verdes. O sorriso de uma era oferecido à outra.

A mais velha era filha do arco íris. Era a mais alegre, saída ao pai. A mais nova, filha da aurora, tinha nos olhos o violeta da essência de sua mãe. Eram ninfas, não como tantas de que se ouve falar na mitologia. Eram afilhadas de Gaia.

Ambas possuíam o mesmo perfume, pois a madrinha e mentora ensinara-lhes a trajarem margaridas. A flor estava em volta de seus corpos, em seus cabelos e em suas almas.

Eram conectadas pelas margaridas. Gaia as ligara, mas nenhuma das duas compreendera o significado de tal união.

A filha do arco-íris percebia apenas que era fascinada pelos olhos violeta da filha da aurora. Mergulhava neles e às vezes se afogava... Só não sabia por que.

E a mais jovem de nada se dava conta. Brincava, ria e dançava com a outra. Só não podia sentir-se indiferente quando sentia o toque de sua pele.

Risos e mais risos. Vestidas de flores e brisa. Correndo e dançando pelos campos verdes. Deitando-se lado a lado na grama macia. O sorriso de uma era oferecido à outra.

Novamente os olhos da mais nova tragam a mais velha. E o toque da filha do arco íris entorpece a filha da aurora. A sensação inicial é de susto. A seguinte de medo. Mas a que permanece é de serenidade, à qual se une o entendimento.

Tudo sucedido pelo mergulho mais profundo nos olhos, logo fechados, e pelo toque mais vivo da pele, agora dos lábios.

Ligadas pelas margaridas. Afilhadas de Gaia. A filha do arco-íris e a filha da aurora.

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