Considerações sobre a redação do Enem 2015

Queria ser otimista o bastante para dizer que essa frase nunca foi tão verdadeira (Foto: internet/reprodução)
Depois de todo o bafafá que o tema da redação do Enem causou ontem, eu estava determinada a fazer textão sobre o assunto para postar aqui no blog, mesmo que só no dia seguinte. Talvez em parte seja pelo ressentimento de não estar lá, fazendo essa prova só pra sambar na mesa examinadora com minhas palavras. Mas o dia seguinte chegou e passou, e me vieram duas desmotivações: o medo do assunto já ter esfriado e o de que tudo já tenha sido dito. Mas, ei! Aí mesmo é que eu preciso escrever, aí é que não podemos deixar o assunto esfriar e muito menos que o que já foi dito cale o que nós ainda temos a dizer. Mesmo que seja para reforçar o coro dos que já se manifestaram em polvorosa na noite de domingo, mesmo que as nossas vozes não se destaquem no meio dessa multidão: precisamos falar.

Indo ao ponto, então. Para quem estava numa bolha no domingo ou curtiu loucamente o dia mais badalado da semana (só que não), uma contextualização. Esse fim de semana houve a prova do Enem, que trouxe na redação o tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". Só isso foi suficiente para que a internet enlouquecesse. O tema foi imensamente bem-recebido e comemorado pelos quatro cantos, pelos mais variados motivos. O principal (e que menos me entusiasma, na verdade) foi a chance de se detectar os “machistinhas” de plantão, que provavelmente acabariam violando direitos humanos em seus textos, o que resultaria em desclassificação imediata.

No entanto, eu não posso ser tão otimista assim, já que eu sei que machista também sabe mentir. Os que seriam capazes de fazer uma argumentação coerente em qualquer outro tema podem muito bem ocultar qualquer caráter desrespeitoso na redação, enquanto os demais provavelmente já não iriam bem na prova, mesmo. Provavelmente apenas uma minoria deve vir a ter seus textos desqualificados assim.

Mas isso não impede que eu comemore, e muito, algo que para mim é muito maior e mais provável que tirar machista da Universidade. Trazer uma redação com um tema social desse calibre escancara ainda mais sua relevância, ainda mais na fase atual, quando tantos propagam a falsa ideia de que nós já alcançamos tudo que tínhamos para alcançar. Quando falo nós tento ser mais ampla, pois não é apenas a luta feminista que vem ouvindo que não é mais necessária. Mas como é o foco no momento, voltemos a ela.

Como já disse ao compartilhar uma publicação na fanpage no Facebook, esse tema nos traz duas grandes esperanças, parecidas, mas principalmente complementares. De um lado, se forem bem avaliadas (e não aprovarem outra receita de Miojo), as redações podem servir como parâmetro para medir o preparo dos candidatos para entenderem um tema do qual muito se fala, mas do qual pouco se tira. As discussões de internet estão aí para demonstrar que o feminismo vem crescendo de forma linda, mas que seus antagonistas também vêm surgindo de todo canto com argumentações vazias.

Do outro lado está o alerta definitivo para nossos professores e escolas entenderem finalmente que temas de relevância social são também relevantes para a formação dos estudantes. Mesmo que de modo forçado, esses assuntos terão de entrar na pauta das conversas em sala de aula. Até as instituições que focam apenas na prova do Enem e deixam a formação e responsabilidade social de lado devem acabar percebendo que, se quiserem manter seus status, terão de falar sobre minorias sim, senhor. Não são bons motivos, mas já é alguma coisa. E só de saber que os jovens estão pensando sobre temas sociais eu já me sinto muito satisfeita. Porque é a partir do pensamento e das ideias que começam a surgir as revoluções.

Agora vamos de bom humor? haha

Daqui pra frente o Enem vai ser diferente
Você tem que aprender a ser gente
Machista não passa em mais nada! Nada!

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Redação do Enem aborda a violência contra a mulher e acende debate sobre problemas sociais

(Foto: Reprodução/Facebook)

Meu texto de hoje é sobre a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. Pois é, meus amores, o Enem fez a alegria de muitas pessoas (e o desespero de outras) com o tema da redação deste ano. E o nosso blog não deixaria de tocar nesse assunto de tamanha importância.


Como fui uma das milhões de pessoas que participaram de camarote (esse foi meu terceiro Enem), já informo a todos que meus lábios se abriram em um radiante sorriso quando me deparei com o tema. Imediatamente, milhões de palavras surgiram em minha mente, afinal, há muito a ser dito sobre. É claro que a ideia de que o assunto já deu o que tinha que dar está sendo considerada, mas é por isso que eu escolhi publicar hoje. Da mesma forma que a violência contra a mulher é ignorada dia após dia, muitos também a desconsideraram no dia de ontem, atitude que não devemos permitir.

Vamos deixar claro que não estou falando apenas dos machistas que abaixaram o topete ao redigir a redação, mentindo sobre apoiar a causa, mas também dos que se mantiveram estúpidos machões e defenderam que a culpa é da mulher - o que, a proposito, resultará em anulação imediata (J). Quero que percebam a importância social e educacional em torno desse assunto, ok? Ficou claro que a forma automática das quais escolas fazem uso para ensinar está caindo por terra, pois quanto menos envolvidos nesse tipo de questão menor será o preparo para participar de vestibulares, Enem, carreira, vida social, etc.

Acredito que conscientização é chave para melhorar um monte de coisas, mas infelizmente ela não funciona em todos. Talvez, se esse tipo de repercussão surgir com maior frequência, as pessoas passem a dar a devida atenção aos problemas sociais.

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Carta a você, que espera pela mulher ideal


Olha, cara, eu tô de boa com esse seu desejo, sabe? É sério, eu não vou brigar por esse motivo. Na verdade, eu até aceito que você tenha suas vontades e preferências. Tranquilo se você curte minas assim ou assado, e que não queira nem passar perto das que não são do estilo que combina com o seu. Olha só, parece que a evolução até explica que você procure sempre pela bunda mais redondinha e pelo peito mais empinado, e eu entendo isso.

Só que, talvez, eu simplesmente não queira ser uma mulher ideal. Sei lá, não tô no clima pra isso, sabe? Não faço questão nenhuma de caber dentro das suas preferências. Fui feita pra mim mesma, não pra você, e estou feliz assim. Olha só, que curioso, eu só não quero que você me queira.

Tudo bem então se eu sou gorda demais, magra demais, alta demais, baixa demais, preta demais, pálida demais, velha demais, nova demais, independente demais, insegura demais, rica demais, pobre demais, mulher demais pra você. Porque talvez eu simplesmente não seja pra você.

De todas as mulheres que não são perfeitas, mas reais

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LOVE IT FORWARD LIST: Envie amor para quem está passando por um momento difícil

(Logo do projeto Love it Forward List)
Você conhece o projeto 'Love it Forward List'? Ele foi criado pela brasileira Carolina Areas e tem uma função maravilhosa. A ideia consiste em uma pequena lista de pessoas dispostas a ajudar alguém que esteja passando por algum momento difícil através de cartas/cartões.

“Quando fico sabendo de alguém que está passando por um momento difícil, eu aciono esta lista de pessoas e todo mundo manda uma lembrança, o que puder. Neste mundo em que se digita mais do que se escreve, o poder de um envelope recheado de palavras amorosas é incrível. Imagina, então, quando são vários?! Um cartão, uma carta, um poema, um desenho, uma foto, uma lembrança… É tão fácil doar amor!” , explica Carol em entrevista ao site Follow the Colours.

Como exemplos de pessoas que receberam o carinho dos membros desse projeto, posso citar uma menininha de 4 anos que perdeu a irmã mais velha. A lista foi acionada e ela recebeu várias coisas: cartinhas, brinquedos, desenhos de outras crianças, um anjinho de decoração. Também houve um caso no Rio, em que a mãe da Carol (que faz parte da lista) soube de uma pessoa que estava com depressão, então ela foi até o prédio dessa pessoa e deixou de presente uma caixa com brigadeiros e um cartão. Se você for como eu, já deve ter imaginado quanta alegria, esperança e amizade não devem sair dessa emocionante iniciativa. 

Como funciona?
Toda vez que a Carol é notificada sobre alguém passando por algum problema, ela aciona a lista e as pessoas podem enviar seus presentes. E pode enviar o que quiser: carta, brinquedo, flores, doces, ou seja, aquilo que você sentir que levará alguma alegria para a pessoa. Não é necessário enviar toda a vez que for notificado, apenas se e quando quiser. Dica legal que peguei no site Another Girl, Another Planet: se for enviar cartinha, o correio tem uma opção muito econômica chamada carta social (clique aqui para saber como funciona).

Nós do Projeto Elas Por Elas já estamos participando. Quer participar também? Muito simples, envie um email com o titulo #LoveitForwardlist para loveitforwardlist@gmail.com e pronto. Chame seus amigos e ajude a espalhar essa ideia maravilhosa por aí!

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Nova coluna: Ideias d'Elas


Nós do Elas por Elas sabemos que ideias movem as pessoas e que as pessoas movem o mundo. Nosso projeto surgiu de uma ideia que veio do nada e devagarzinho, mas que logo foi nos tomando por completo e nos motivando a colocá-la em prática. Nada mais justo que darmos um espacinho aqui para mostrarmos outras iniciativas com as quais nos identificamos.

Para esse fim, lançamos a coluna Ideias d’Elas. Para criar uma maior identificação com nossa própria proposta, os posts dela são sobre projetos idealizados por mulheres. Afinal de contas, como sempre reforçamos, achamos fundamental a valorização da representatividade feminina e seu empoderamento. E nisso se inclui mostrar mulheres que fazem a diferença.

Nem todos os projetos são exclusivamente feministas, mesmo que muitos deles o sejam ao menos em parte. O que queremos são mulheres que façam o bem, que soltem sua voz, que lutem por uma causa, que ajam por um mundo melhor. Enfim, mulheres que pegaram uma ideia e a transformaram em ação.

Se tiver alguma sugestão de tema para falarmos aqui, manda pra gente. Pode ser em comentário, para o email proj.elasporelas@gmail.com ou nas nossas redes sociais!

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