Vem novidades por aí




Oi Gente. O post de hoje é muito especial, porque ele vem para contar três novidades para vocês. A primeira é que temos uma nova companheira: Michelle Borges, ela é Mestre em história e leciona Criminologia. A mais nova parceira da nossa equipe irá escrever histórias e poemas. Em breve vocês iram conhecer mais sobre ela em seus posts.
Nossa mais nova parceira: Michelle.

A segunda a gente já devia ter oficializado já faz um tempinho, mas só conseguimos falar sobre isso agora: firmamos uma parceria com o blog Vintezanos. Com foco geek e pop, o Vintezanos é um espaço bem legal criado pela Mandy Castilho. 

Com essa parceria, vamos fazer alguns blogs em conjunto sobre assuntos que têm a ver com os dois blogs. Vamos começar com a continuação do post "5 séries que passam nos testes Bechdel e Mako Mori (e fazem muito mais)", que vai ser feita lá! Não percam!

E a terceira novidade é que o principal objetivo do blog, que é a literatura colaborativa feita por mulheres e para mulheres, finalmente se tornou real.

Uhuuuh


Iniciamos nossa procura por colaboradoras e, nos últimos dias, estivemos organizando os textos que recebemos de várias autoras diferentes, e iremos publica-los a partir dessa semana. Cada texto virá com uma pequena biografia e a foto das autoras para que possam conhecer cada uma.

Mas nossa procura não acabou. Você tem algum conto, poesia, história, opinião ou qualquer texto que goste? Quer vê-lo publicado em nosso blog? Então envie pra gente no email proj.elasporelas@gmail.com. Lembrando que o texto precisa possuir uma personagem feminina como protagonista, afinal queremos aumentar a representatividade da mulher na literatura. Nossa equipe irá analisar cada um com todo carinho e manteremos você informada desdo dia que o recebermos até o dia de sua publicação. Esperamos ansiosas por sua participação.



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Vamos aumentar nossa representatividade?

Reprodução/Internet


Quem aqui conhece o Aurélia levanta a mão! Calma, se você nunca ouviu falar não precisa se sentir fora da casinha. Já explico.

Aurélia - dicionário ilustrado de mulheres é um projeto feito pelas Cecilia Silveira (idealizadora) e Fernanda Drummond, que tem como finalidade ser um dicionário que oferece resumidas biografias de mulheres desse mundão com uma ilustração de cada uma delas.

Segundo a descrição do projeto (que à proposito, me encanta) "talvez, Aurélia não seja bem um dicionário, mas, antes, um espaço para o exercício do afeto. Surge como possibilidade de articular mulheres - ou seja, todo ser humano que assim se anuncia - a volta de histórias inspiradoras de outras mulheres", e nós amamos isso não é mesmo?  Para mim é nítida e fundamental a visibilidade que conseguimos com algo desse tipo, através de Aurélia a valorização, o protagonismo e o empoderamento das mulheres é grandioso.

Selecionei algumas das minhas ídolas para mostrar aqui e deixar um gostinho de quero mais em vocês.


Malala Yousafzai

Nina Simone

Laverne Cox

Convido vocês a conhecerem e procurar mais informações na page e no tumblr  do projeto e também a darem sugestões, já que ele funciona de forma colaborativa. É só enviar para dicionarioaurelia@gmail.com. 

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5 séries que passam nos Testes de Bechdel e Mako Mori (e fazem muito mais)

Pensando especialmente em dar visibilidade ao espaço ocupado por mulheres nas diversas mídias, estreia hoje a coluna Mulheres na Cultura Pop. Neste espaço vamos falar de séries, filmes, livros, quadrinhos, games, enfim, as mais diversas produções culturais feitas por, para e sobre mulheres. Esperamos que gostem da novidade!


O teste de Bechdel foi criado em 1987 pela cartunista americana Alison Bechdel, em um de seus quadrinhos. O teste consiste em analisar a representatividade de um filme a partir de três requisitos:

1. Deve ter pelo menos duas mulheres.
2. Elas conversam uma com a outra
3. Sobre alguma coisa que não seja um homem. 

O quadrinho que originou o teste - Imagem: reprodução/internet

Sabemos que esse teste é extremamente simples, e muitas vezes um filme que não passa nele pode, sim, ter um potencial representativo. Em contrapartida, filmes que são aprovados podem ser completamente machistas e estereotipados. Acontece que o teste de Bechdel funciona mais como um termômetro social do que como qualificação absoluta de uma obra.

Essa carência motivou, inclusive, a criação do teste Mako Mori. O nome é o mesmo da personagem feminina central de Círculo de Fogo. Mesmo sendo extremamente representativa, a personagem não conversa com nenhuma outra mulher no filme, que não passa no teste de Bechdel. Uma usuária do tumblr então propôs o teste Mako Mori, baseado na personagem. O filme deve, portanto: 

1. Ter ao menos uma personagem feminina
2. Com seu próprio arco narrativo
3. E que esse arco não é mero suporte para uma história masculina

A Mako Mori - Imagem: reprodução/internet

Ainda que também não seja absoluto para medir se um filme é bom, ele é bem mais completo para definir a relevância e a representatividade de obras específicas. Por isso, eu fiz uma seleção de 10 séries que eu gosto e que passam NOS DOIS testes. Abaixo seguem 5 delas. As outras 5 virão com uma surpresa! Não vou explicar exatamente por que essas séries passam (pode acabar rolando spoilers e quebrando a magia), então vocês terão que confiar em mim. Espero que este post sirva para enriquecer a sua coleção de novas séries (representativas) preferidas!

Unbreakable Kimmy Schimdt

"Seja você. Seja o que você quiser. E então se torne inquebrável" - Imagem: reprodução/internet

Se ainda não viu essa série da Netflix, criada por Tina Maravilhosa Fey e Robert Carlock, corre AGORA! Aproveita que dia 15 estreou a segunda temporada, faz maratona com os 13 primeiros episódios e já emenda uma na outra. A comédia gira em torno das descobertas de Kimmy, que após ser sequestrada pelo líder de um culto apocalíptico e passar 15 anos em um abrigo subterrâneo com mais três mulheres, finalmente conseguiu sair. Sim, a premissa é uma loucura! 

Kimmy e seu jeitinho <3

Além de passar nos dois testes, trabalham a desconstrução de vários estereótipos e clichês machistas. O elenco ainda é recheado de mulheres, de núcleos e personalidades diferentes. Só espero que na próxima temporada tenhamos mais mulheres de outras etnias (já que a primeira temporada já apresentou um homem negro e um oriental, tá na hora, né?).

Jessica Jones

Imagem: reprodução/internet

Eu sei que eu posso estar sendo redundante de falar desse sucesso da Netflix/Marvel, mas acho que é justamente porque ela é item obrigatório nesse tipo de lista que ela está sempre presente. Jessica Jones é uma série não apenas com (forte) elenco feminino em massa, como tem várias mulheres na produção. A trama, pra quem tava vivendo numa caverna não está familiarizado: Jessica é uma investigadora particular que possui super poderes, e está se recuperando do trauma de viver sob o poder de Kilgrave, um homem com habilidade de controlar mentes. Além de usar os poderes de Jessica, ele ainda abusava dela, sexual e psicologicamente. Tire toda a parte fantasiosa, e temos uma história sobre abuso, super plausível na nossa realidade.

Ah, e Jessica é uma FUCKING BADASS!

How To Get Away With Murder

Essa mulher!!!! - Imagem: reprodução/internet

Outra pedida obrigatória: uma série da Shonda Rhimes. Shonda é rainha em séries representativas para mulheres e outras minorias. Em HTGAWM, além da MARAVILHOSA (e ganhadora do Emmy pelo papel) Viola Davis como a protagonista Annalise Keating, temos um elenco jovem principal formado por uma mulher e um homem negros, uma latina e dois brancos americanos, sendo um deles homossexual. A diversidade sexual, inclusive, também é uma tema forte no seriado, bem como a própria liberdade sexual feminina.

Quem mais adora quando falam o nome da série/filme? haha

A série gira em torno de Annalise, uma professora de direito penal, que recruta cinco alunos para trabalharem com ela em seus casos. Diversos acontecimentos começam a se desenrolar quando quatro dos estudantes se envolvem num assassinato. 

My Mad Fat Diary

Imagem: reprodução/internet

Eu sou a louca das séries britânicas, então vai ter uma (ótima) série britânica aqui, sim. My Mad Fat Diary é uma dramédia baseada no livro autobiográfico "My Fat, Mad Teenage Diary", escrito por Rae Earl. A história começa com a saída de Rae da clínica psiquiátrica onde está internada após ferimentos auto infligidos, e tentando retomar uma vida normal ao lado dos amigos. Apesar de falar de assuntos sérios, especialmente doenças psicológicas, o humor é constante (e muitas vezes sobre pênis) e acabamos rindo mais do que chorando. 

Tá, o gif é meio tristinho, mas eu juro que a série é super divertida!

A série é toda subversiva: Rae é gorda, mas é divertida (mas sem aquele estereótipo do “gordinho simpático”) e pega o cara mais bonito da escola. Apesar de ter pontos de rivalidade feminina, esse conceito está sempre sendo quebrado, reforçando a amizade, especialmente entre a protagonista e sua amiga popular, Chloe. É uma série curta (o lado bom e o ruim das séries britânicas), então dá pra maratonar rapidinho.

Buffy, a Caça-Vampiros

Photoshoots e design dos anos 90: os melhores haha - Imagem: reprodução/internet

Aqui também tem espaço pra série que acabou há bastante tempo, viu? Sim, eu confesso que eu arrumei um espacinho aqui pra ela porque eu comecei a ver recentemente e só conseguia me perguntar: “COMO eu não peguei pra ver essa série antes?”. Essa eu acho que todo mundo sabe a premissa, né? Buffy é a escolhida para caçar vampiros, demônios e outras criaturas das trevas. E, pra piorar, está no meio da sua adolescência e quer viver uma vida ao menos um pouco normal em sua nova escola.

Além de chutar (vários) traseiros, Buffy é atrevida e sarcástica. Como não amar?
Mais uma vez, vemos estereótipos sendo quebrados nessa série: Buffy era popular na escola antiga, e atualmente anda com “os normais”. A famosinha da escola, Cordelia, apesar de fútil, acaba indo e vindo numa relação com eles. Um bônus: além de ser uma personagem forte em vários sentidos, as cenas de luta de Buffy são incríveis!


Por enquanto é isso. Aguardem as próximas 5! Tem sugestões de séries que ficaram faltando? Deixa aí nos comentários!

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Escritoras Maravilhosas - Simone de Beauvoir


Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir nasceu em Paris, França, no dia 9 de janeiro de 1908, era a primogênita de duas irmãs, filha de um casal descendente de famílias tradicionais, porém decadente. Seu pai era o advogado Georges Bertrand de Beauvoir, ex-membro da aristocracia francesa, enquanto a mãe era Françoise Brasseur, membro da alta burguesia francesa.


Recebeu educação católica ( algo que era desprezado por alguns intelectuais da época) e já tinha planos na adolescência de ser uma escritora. Quando jovem, fez exames para o bacharelado em Matemática e Filosofia. Estudou Letras e Filosofia na Universidade de Sorbonne, onde conheceu intelectuais proeminentes como Merleau-Ponty.

Iniciou seus trabalhos como escritora e logo se tornou uma das mais influentes do ocidente. Suas ideias tratavam de questões ligadas à independência feminina e o papel da mulher na sociedade. Sua obra refletia também a luta feminina e as mudanças de papéis estabelecidos, assim como a participação nos movimentos sociais. E esses são ideais encontrados em seu livro mais conhecido e que melhor condensa suas experiências: “O Segundo Sexo” (1949).

Essa grande obra (considerada por muitos como base para estudos feministas) trata da premissa de que a mulher não é o “segundo sexo” ou o “outro” por razões naturais e imutáveis, mas sim por uma série de processos sociais e históricos que criaram esta situação. Toda a sua argumentação gira em torno do questionamento da existência do chamado “eterno feminino”, visto pela sociedade como algo fundamental a qualquer mulher e que as prenderia a uma gama restrita de características e, principalmente, limitações. Com isso em mente, a autora passeia pelas mais diversas áreas do conhecimento em busca de argumentos, com sucesso estrondoso e coerência inquestionável.

Simone publica diversos livros filosóficos e ensaios. Ela se dedica também a registrar suas experiências em extensas obras autobiográficas, que compõem igualmente um retrato da época na qual ela viveu. A autora revela também uma inquietação diante da velhice e da morte, eternizando esta preocupação em livros como Uma Morte Suave, de 1964, e Old Age, de 1970.


As suas obras oferecem uma visão reveladora de sua vida e de seu tempo. Em seu primeiro romance, A convidada (1943), explorou os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual, temas que abordou igualmente em romances posteriores como O sangue dos outros (1944) e Os mandarins (1954), obra pela qual recebeu o Prêmio Goncourt e que é considerada a sua obra-prima.


As teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si própria, introduzem-se também em uma série de quatro obras autobiográficas, além de Memórias de uma moça bem-comportada (1958), destacam-se A força das coisas (1963) e Tudo dito e feito (1972).

Em A Cerimônia do Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de Sartre, com quem ela sempre manteve um relacionamento aberto e controvertido, pois ambos cultivavam relações com outros parceiros, e compartilhavam as experiências adquiridas neste e em outros campos da existência, em função de um pacto estabelecido entre ambos. O filósofo acreditava que os dois, antes mesmo de constituírem um casal apaixonado, eram escritores; sendo assim, era necessário mergulhar na essência do Homem, o que só seria possível com a vivência de inúmeras experiências. Daí a ideia de viver o máximo possível e trocar entre si as vivências de ambos.

Com a morte de seu companheiro, em 15 de abril de 1980, Simone vê sua saúde se complicar, com o uso abusivo do álcool e das anfetaminas. Ela falece no dia 14 de abril de 1986, aos 78 anos de idade. Cinco dias depois ela foi enterrada no cemitério de Montparnasse, junto ao seu amado Sartre.

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Glossário feminista

Minhas flores e meus espinhos, a alguns dias eu estava participando de uma conversa sobre as diversas formas usadas por machista para atacar as mulheres. O assunto estava tomando um caminho legal, repleto de bons argumentos e tal, até que a palavra misógino foi incluída em um dos comentários, pois logo em seguida uma garota que participava da conversa perguntou: "O que é isso?".

Eu levei um susto quando percebi a duvida dela, porque ela se declarava feminista com veemência, mas ficou claro que ela não sabia exatamente a abrangência dessa luta.

OBVIO que ninguém tem a obrigação de saber de tudo, mas para opinar sobre determinado assunto é necessário, primeiramente,  possuir um conhecimento prévio do mesmo. E é por isso que estou aqui hoje.
Está surgindo aqui no blog a coluna 'Entendendo o feminismo', e vamos inicia-la com um glossário para as leigas e leigos no assunto, um dicionário completo (o mais completo possível) para quem tem alguma duvida sobre esse universo ou quer dar o primeiro passo para se tornar uma miga emponderada.

Vamos lá?

FEMINISMO: é um movimento social, filosófico e político que tem como objetivo direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero.

MISANDRIA: é o ódio, aversão, preconceito ou desprezo a pessoas do sexo masculino.

MISOGINIA: ódio ou aversão às mulheres.

SEXISMO: se refere à discriminações sexuais e conjuntos de idéias ou ações que privilegiam um indivíduo de determinado sexo (gênero ou orientação sexual).

FILANDRIA: admiração ou amor pelo sexo masculino. Paixão por homens e carinho especial pelo sexo masculino. Gostar de estar na companhia masculina, achar belo o corpo do homem, assim como todo o universo masculino.

SORORIDADE: união poderosa e transformadora entre mulheres, que visa romper com o estigma de rivalidade. A sororidade é importante para fortalecer a ação coletiva do movimento feminista.

EMPODERAMENTO: (conscientização) é um processo de aquisição de ferramentas para combater nossas opressões. É quando nos tornamos mais fortes para desconstruir os papéis que nos impõem e para lutar por equidade.

MACHISMO: é o comportamento, expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino sobre o feminino. Tipo de opressão que a sociedade patriarcal produz contra mulheres. Ele se expressa de diversas formas, das mais evidentes até as mais sutis.

PATRIARCADO: Sistema social baseado no controle dos machos sobre as fêmeas, em que estes ocupam uma posição central. O patriarcado é o sistema no qual o machismo se baseia – é sob ele que se conformaram historicamente os privilégios da classe masculina em relação à classe de mulheres.

FEMINISMO RADICAL (radfem): é uma perspectiva dentro do feminismo que exige um reordenamento radical da sociedade em que a supremacia masculina é eliminada em todos os contextos sociais e econômicos. As feministas radicais procuram abolir o patriarcado, papéis tradicionais de gênero e  acreditam em um comportamento de gênero condicionado.


FEMINISMO INTERSECCIONAL: defende a intersecção entre diversas opressões: de gênero, raça e classe social.

EQUIDADE: igualdade, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos.

MANSPLAINING: o termo, que vem do inglês, quer dizer algo como “explicação masculina”. Você logo vai se lembrar de algum exemplo de um conhecido seu, homem, tentando te explicar um assunto que você provavelmente domina mais que ele.

MANTERRUPTING: do inglês “interrupção masculina”, é quando um homem constantemente interrompe uma mulher falando.

GASLIGHTING: que é quando uma pessoa tenta te convencer de que você está louca, paranoica e, com isso, invalidar seus sentimentos. O gaslighting está geralmente associado ao relacionamento abusivo, sendo utilizado pelo parceiro para o controle da mulher.

SLUTSHAMING: quando julgamos uma mulher por ter comportamentos “de vadia”, o que quer que isso signifique. Basicamente, é quando se repudia uma mulher por dispor de sua sexualidade e de seu corpo livremente.

TOKEN: tokenizar é quando uma pessoa, acusada de alguma opressão, já vem com a resposta pronta “Mas eu até tenho amigos que são…”, como uma tentativa de invalidar a crítica que está recebendo.

SILENCIAMENTO: no contexto feminista, é o apagamento da voz das mulheres, através de diversos artifícios, como descreditar suas opiniões ou mesmo através de violência.

REPRESENTATIVIDADE: ato de representar uma minoria e trazer à ela força e formas de seguir com a sua luta.

PROTAGONISMO: relaciona-se à ideia de que a principal voz dentro do feminismo deve ser daquelas a quem ele mais atende, ou seja, as mulheres.

TERF: sigla para "Trans Exclusionary Radical Feminists” (inglês para “Feministas Radicais Trans-Excludentes”). O que isso significa? A ênfase é na exclusão – um ato intencional – e a implicação é que isso é baseado em preconceito e na discriminação propositada.

FEMINISMO LIBERAL (libfem): possui foco na livre iniciativa, que é individual. Para o feminismo liberal, portanto, agimos de acordo com o livre-arbítrio. Exemplos da ideologia das libfem: quando a mulher "consente" não há estupro, quando a mulher intervém no próprio corpo aproximando-o do padrão de beleza hegemônico ela está exercendo liberdade de escolha sobre si.

Ufa! É muita coisa não é? Mas ainda não acabou, nos próximos posts iremos nos aprofundar mais nesses termos para que possamos entende-los melhor. Faremos postagens específicas sobre cada vertente do feminismo e sobre como podemos ser atingidas direta e indiretamente por tudo isso.

Ficou com dúvida sobre alguma coisa ou percebeu que me esqueci de algo? Então deixa nos comentários, assim você ajudara a elevar cada vez mais os nossos conhecimentos.

Beijos e até a próxima.

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Sobre leitura (?)


Ana e João eram vizinhos e amigos. João era popular, e todos o achavam o máximo porque ele lia muito. Toda semana estava com um livro diferente e os amigos adoravam ouvir sobre aquilo. Às vezes ele até gostava de se gabar um pouco quando lia algo muito bom ou conseguia um livro difícil na biblioteca.

Já Ana não tinha uma fama tão boa assim, porque... também lia. Lia muitos livros, sim, mas nem de longe tantos quanto João. Ainda assim, era para ela que as pessoas olhavam torto. “Nossa, já é o segundo livro que ela lê este mês...” “Essa tem mais carimbo da biblioteca que fios de cabelo, haha”.

João não gostava disso, porque via que Ana se sentia mal. Ele até a defendia às vezes, e cortava se algum amigo que já tivesse emprestado um livro pra ela viesse com gracinha. Mas, também, se ela não gostava que falassem, por que tinha que ler tanto?

Mas, como qualquer pessoa, Ana gostava de ler! As pessoas eram rudes, sim, mas ela não achava certo parar de fazer algo que lhe fazia bem só para pararem de falar mal dela. Além do mais, ela sabia que ler faz bem, além de liberar endorfina, o que justifica o fato dela gostar tanto.

Ela e João às vezes conversavam sobre os livros que liam. Ele só não gostava de ouvir muitos detalhes sobre os dela. Número de páginas, nem pensar! Mas ele adorava narrar detalhes tanto das histórias quanto sobre a hora, o local e as circunstâncias em que as leu.

João já tinha ganhado alguns livros de presente. Na verdade, algumas meninas até gostavam quando ele aceitava ou pedia os dela, porque o achavam culto. Mas ele não resistia e acabava lendo outros ao mesmo tempo. E sempre era ele que devolvia os presentes para as donas originais.

Já Ana tinha ganhado um único livro, uma vez. Ela gostava muito dele e o lia exclusivamente, cheia de cuidados e carinho. Chegou até a tirar algumas fotos enquanto lia, no meio de uma leitura muito empolgada. Mas um dia a pessoa que lhe dera o livro o tomou de volta, deixando-a arrasada. 

Sua vida desmoronou de vez quando ela descobriu que ele espalhou para todo mundo que ela tinha deixado seu livro com orelhas e marcas de dedos. Quando ela foi tirar satisfação, ele postou as fotos que, sem ela saber, ele ainda guardava.

Se antes ela estava com fama de destruidora de livros, agora as pessoas se achavam no direito de empurrar para ela todo tipo de leitura horrível. “Afinal de contas, eu já te vi lendo, mesmo”. “Eu sei que você lê qualquer coisa. Toma, lê o meu, vai? Só não encha de orelhas! Haha!”

Sua vida virou um inferno. E João? João não falava mais com ela tanto assim. Que garoto iria querer ser amigo de uma garota que se deixa fotografar lendo, não é mesmo? E ele seguia lá, lendo todos os livros que podia. E até pedia – e recebia – fotos de algumas meninas pra quem ele também emprestava livros.

No fundo, ele sempre quis emprestar um livro para Ana. Na verdade, era para ela que ele queria dar um livro e nunca mais pegar de volta. Mas ele não podia fazer isso, podia? Ele não seria tolo para “fazer o favor” de tentar limpar em vão a imagem de uma menina que lia tantos livros. E ela também tinha tanta bagagem... O livro dele teria que ser muito bom.

Ana precisou mudar de cidade e rezar para que algum outro escândalo literário abafasse o seu. Mas ela sabia que todo mundo já tinha visto as fotos, e que ela teria que suportar. Lamentava mais ainda ter de fazê-lo sozinha, sem o apoio de seus pais, que a olhavam sempre decepcionados, ou de seus amigos, ou de João. Teria que aguentar sozinha. Só não sabia se conseguiria...

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