Sobre ser mãe de menino

Confesso que quando descobri que estava grávida, foi um verdadeiro susto, mas também confesso que quando descobri que seria um menino, achei mesmo que seria mais fácil. Não que como mulher eu tenha tido uma vida difícil: nunca! Classe média, vida normal, família estruturada e até que um pouco desconstruída. Mas é isso que ouvimos sempre, né? Que não é fácil ser mulher e que menino dá menos trabalho. Pudera.

Não faz muito tempo que conheci o feminismo a fundo, não faz muito tempo que me apaixonei por toda ideologia e transformei no meu ideal de vida praticar sororidade. Mas eu vivo num mundo masculino: filho, marido e até cachorro. Como praticar tudo isto então, como encaixar tudo isto no meu mundo além internet? E foi ai que descobri que o que de melhor posso fazer pelo mundo, seja pelo feminismo ou não, é criar meu filho Giovanni, meu filho homem, de maneira desconstruída, com liberdade e, principalmente, tirar dele qualquer chance de reproduzir machismo.

Não é fácil, aliás, é qualquer coisa menos fácil. Até porque, por mais desconstruída que você tente ser, você tem mais e mais a desconstruir, você tem que se policiar. Mas, se você for aguardar a perfeição, nunca fará nada. Comecei pelas pequenas coisas, pela gentileza. Comecei a ensinar que meninos e meninas são iguais, podem gostar das mesmas coisas, podem brincar com os mesmos brinquedos, podem usar as mesmas cores. Comecei, como mãe (e posso afirmar que o Marlon, como pai), a procurar desenhos e similares que estimulem a igualdade, e qual foi minha surpresa: existem – se você tem filhos pequenos, deixem que assistam Luna, sério.

Se ter que educar um filho não é fácil, desconstruir um pouco que seja meu marido também é uma luta. A criação não colabora, mas com certeza o diálogo sempre nos fez mais fortes e ele sabe, hoje, que respeitar o outro, as escolhas, o ser, suas opções e suas orientações, é fundamental para sermos humanos e que devemos exercer isso com nosso filho, um com o outro e com qualquer pessoa. 

Às vezes é desanimador, são tantas histórias e notícias, tantas vivências, porém, como uma otimista, tenho certeza que esta geração do Giovanni vem muito mais forte, mais tolerante, mais resistente e que estamos criando verdadeiros seres humanos, como sempre deveria ter sido. Giovanni tem personalidade forte, mas é doce, compreensivo, sensível e humano, e se depender somente de mim, para sempre será assim.

Imagem: arquivo pessoal

Quem escreve?

Rafaela Arnoldi é administradora, blogueira e mãe do Giovanni. Ela escreve sobre moda (e outros assuntos desse universo) no blog Diariamente

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