Nós mulheres já aprendemos o fato de que nunca conseguiremos agradar à sociedade. Esteticamente, comportamentalmente, até imaginariamente: sempre nos exigem mais do que podemos oferecer, e parece que nunca se decidem o que querem de nós. Não pode ser puta, mas tem que saber fazer os desejos do seu homem. Não pode ser feia, nenhum homem gosta, mas também não pode ser bonita, chama atenção demais. Não pode gostar de "coisas de homem", mas se gosta de "coisas de mulher" demais, é fútil. Não pode fracassar na carreira, mas também tem que saber se por em seu lugar é não almejar ir muito longe. Também não pode ser meio termo de nada, é muito sem graça.
Nossas escolhas também nunca agradam. Vai cursar faculdade de humanas? Moça direita não se envolve nessas coisas de maconheiro. De exatas? Ah, mas é área muito masculina, não vai dar conta. Biológicas? Muito difícil, vai passar a vida estudando e esquecer de você. Não quer ter filhos? Mas filho é presente de Deus! Quer ter? Mas tem certeza de que vai por mais uma criança no mundo como ele tá? Vai ser dona de casa? Que horror, parece que vive na década de 50. Vai mesmo trabalhar fora? E da casa, quem vai cuidar?
E isso tudo, naturalmente, deixa algumas de nós confusas (isso quando já não somos de nascença). Mas.... Também não pode, não! Onde já se viu, não sabe nem tomar uma decisão direito! Mas se tem certeza de algo, nossa, escarcéu. Onde já se viu, mulher querendo mandar na própria vida? E segue assim, que ironia: a sociedade pode ser indecisa, nós não. Mulher que sabe de si incomoda. Mulher que não sabe incomoda. Mulher incomoda.
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