Desde a faculdade me vi
apaixonada pela arte. Pela História da arte. Embora a incapacidade de me
aventurar dias e noites ao universo da criação, vez ou outra, me pego fuçando
em algumas páginas sempre prontas a me oferecer pequenos encantos e sutis
suspiros de um olhar mal treinado ao charme, não raro intrigante, de quem cede
com os dedos realidades subjetivas.
Embora feminista, o prazer
das formas e das cores, sem desmerecer, obviamente, contextos e cenários,
acabou por ofuscar exigências políticas de um protagonismo feminino nas artes. Com
a possibilidade de me desculpar e remediar a ausência de minha própria crítica
ao invisível, decidi falar de uma mulher que se destacou em conceber emoções
enquanto experimentava o silêncio de sua própria experiência: MARGARET KEANE.
Nascida
no final da década de 1920, portanto, em uma época sem garantias de visibilidade
sobre o trabalho das mulheres, Keane se deixou levar por uma proposta de seu
segundo marido, Walter, que sugeriu que as obras de arte da pintora passassem a
ser propriedades de seu próprio esforço, e não dela.
Estratégia
que, obviamente, casava impecavelmente com um universo que não assumia protagonismos
femininos e, portanto, fez de Walter detentor de todo reconhecimento e valor
das obras de Margaret. Até que, após décadas de mentiras sob o tecido do sucesso,
a artista adquiriu o empoderamento necessário para se rebelar aos ditames do
marido e, enfim, ganhar o mundo.
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