Quando me elegeram para falar sobre as mulheres que amamos, pensei no grande trauma que eu, como historiadora que sou, possuo em razão das ausências femininas em suas mais variadas formas de sucumbir à inexistência. Mas, foi justamente dentro desse alvoroço de ideias, que comecei a colecionar alguns nomes que me vieram rapidamente à memória e, enfim, alavancaram a possibilidade de não só “reconstruir” nosso legado de mulheres, como também a de dissipar fantasmas que, assim como eu, assolam outros tantos sujeitos dessa trama social acortinada pelo masculino.
Minha
primeira dama da corte...mentira! Minha primeira revolucionária, rebelde, subversiva
e pioneira na ruptura dos arcabouços másculos, viris, intimidadores e
autoritário para com as mulheres é...de impulso sou levada a citar, novamente, Lilith,
mas isso nada mais é do que reflexo de uma sociedade que, até hoje, impõe a nós
preceitos assentados em dogmas tão religiosos que poderia até afirmar a sensação
de me sentir sob a cólera silenciosa de
veículos simbólicos que repudiam minha existência, tal como ela é. Logo,
Lilith, única e diferentona:
I LOVE YOU!
Após
uma pausa para retomar a coragem da escrita, penso em Joana D´Arc, em Edith
Piaf, em Ana Bolena, na Cleópatra. Mas todas elas não são capazes de, neste
exato momento, atender a um anseio que se mostra mais profundo, comedido e,
confesso, pouco explorado. De qualquer forma, após uma longa análise, escolho Annette
Marie Sarah Kellermann (1886-1975). Estranha, não?! Pois é, concordo!
Mas ela me atraiu por uma ocorrência muito particular da minha própria jornada
como mulher e ativista no movimento feminista: o uso de roupas curtas.
Foi
em 1907, quando Annette foi presa por indecência ao usar maiô em uma das praias
de Boston. E o que isso tem a ver com o "mulheres que amamos"? TUDO! Pois foi
após esse incidente que emergiram discussões acerca dos trajes de roupas
utilizados pelas mulheres, e que as roupas de banho ganharam novas dimensões. Entretanto
foi só a partir dos anos 1930 que nossas roupas de praia assumiram as duas
peças com as quais estamos tão acostumadas.
Eu
sei que poderia ter citado o famoso episódio, com foto e tudo, das duas mulheres que usaram shorts curtos pela
primeira vez em Toronto, no Canadá, em 1937. Mas, justamente, por uma questão de imagem é que
decidi pela australiana. Dá uma olhada na tão famosa roupa que a fez ser presa
e, aí então, me diga onde mora nossa velha questão de liberdade.
E ainda tem gente que acredita que vivemos em um estado de igualdade entre mulheres e homens. Então tá, né?!
E ainda tem gente que acredita que vivemos em um estado de igualdade entre mulheres e homens. Então tá, né?!
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